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Série Ouro

Cubango divulga enredo para o Carnaval 2019

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Igbá Cubango – A alma das coisas e a arte dos milagres. Este é o enredo da Acadêmicos do Cubango para o Carnaval 2019. O tema foi divulgado na noite de terça-feira, 15 de maio, e tem a autoria de Gabriel Haddad, Leonardo Bora, carnavalescos da verde e branco de Niterói, e Vinícius Natal.

A Cubango pretende mostrar objetos de poder, objetos de pedir proteção, objetos de pagar promessas, objetos que prometem milagres – ainda que falsos milagres – na Sapucaí na disputa da Série A. A Alma das Coisas foi o título de um antigo programa da Rádio Nacional e de um livro que reúne estudos de antropologia e patrimônio, organizado por José Reginaldo Gonçalves, Roberta Guimarães e Nina Bitar.

Memória

O enredo propõe um diálogo com a memória da própria escola: o pentacampeonato conquistado em 1979, com o antológico samba Afoxé (de autoria de Heraldo Faria e João Belém, então interpretado por Elza Soares), foi dedicado ao “ídolo menino” Babalotim, objeto sagrado que ainda habita a quadra da Noronha Torrezão. As cabaças dos assentamentos, as figas, os abacaxis dos balangandãs, os amuletos indígenas, as carrancas, os ex-votos do catolicismo popular. Tudo isso estará presente no carnaval da agremiação.

Vinícius Natal, que é doutorando em Antropologia pela UFRJ e gestor do Museu da Escravidão e Liberdade do Rio de Janeiro, explicou o enredo, “A rigor, todos esses objetos podem ser chamados de ex-votos, conforme as pesquisas que tem se debruçado sobre o tema. Inclusive o principal ex-voto, aquele que todos conhecem, é a vela. Mas sabemos que o senso comum tem uma ideia fechada do que é um ex-voto, algo preso a miniaturas, cartas, tabuletas ou esculturas de partes do corpo humano, o que nos remete às ‘salas dos milagres’, às romarias e à matriz católica. Por isso optamos por falar que o enredo é sobre ‘objetos de devoção’, coisas materiais que conectam o ser humano àquilo que ele considera sagrado e que acabam por contar a nossa própria história, abraçando também as nossas raízes afro-ameríndias” – explica Vinícius Natal, que, além de doutorando em Antropologia pela UFRJ, é gestor do Museu da Escravidão e Liberdade do Rio de Janeiro.

Elementos visuais

Para Gabriel Haddad e Leonardo Bora, que assinarão o segundo desfile à frente da escola de Niterói, um enredo estava dentro do outro. “A arte contemporânea brasileira vem dialogando com a estética dos ex-votos. De saída, podemos citar os nomes de Adriana Varejão, Farnese de Andrade, Efrain Almeida e Graça Góes. A obra de Arthur Bispo do Rosário, além de possuir um caráter votivo (uma obra em oferecimento a Deus), reúne elementos visuais que todo o tempo nos remetiam à estética dos ex-votos. Quando mergulhamos nas pesquisas de cultura popular e descobrimos que Mestre Vitalino esculpia ex-votos, aí o enredo começou, literalmente, a ganhar corpo. E também houve uma sequência de sonhos e sincronicidades que fizeram com que os três autores se convencessem da importância que era falar disso.”

Haddad afirma que trata-se de um enredo simples e complexo ao mesmo tempo. “É um enredo denso, fruto de muitas discussões, mas que pode parecer simples, afinal todo mundo, e no meio das escolas de samba isso é evidente, carrega o seu amuleto, a sua guia, a sua medalha, a sua fitinha. Isso nos dá a possibilidade de passear por diferentes linguagens, expandindo a linha que apresentamos no Carnaval sobre o Bispo. Começa com a Cubango se vendo refletida em um espelho, cantando aquilo com que mais se identifica, que são as narrativas afro-brasileiras e os objetos mágicos que compõem esse imaginário. E termina de maneira completamente carnavalizada, com deboche e tropicalismo, numa referência à mercantilização de falsos objetos sagrados. Os cartazes de divulgação do enredo, confeccionados pelo artista Antônio Ferreira Gonzaga, resumem a nossa ideia de maneira brilhante.”

Logo Cubango 02

Sinopse

O fio condutor da narrativa e os detalhes sobre o final, que dialoga com a peça O Rei da Vela, de Oswald de Andrade, serão revelados apenas na sinopse, que será entregue aos compositores na quinta-feira, 24 de maio, às 20h, na quadra da escola, na Rua Noronha Torrezão, 560, Cubango, Niterói.

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