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Confira a sinopse do enredo da Unidos do Viradouro

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A Unidos do Viradouro divulgou no sábado, 15 de maio, a sinopse do enredo Malunguinho – O Mensageiro dos Três Mundos, que será desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon.

Sinopse

Malunguinho – O Mensageiro dos Três Mundos

EVOCAÇÃO À FALANGE DE MALUNGOS

Sobô Nirê Mafá!

De longe ouvi me chamar… A fumaça me trouxe até aqui!

Arreia em terreiro encantado a falange de malungos, meus companheiros de caminho a galopar no vento e se espalhar no chão profundo feito raiz da Jurema.

Mas quem sou eu que desperta ao chamado da nação coroada de Xangô?

Sou o herói do avesso que veio do povo Bantu, o malassombro dos que me queriam sem história.

Sou o libertário que ronda os campos para queimar engenho, fogo de levante alastrado no canavial!

Me deram nome de João Batista, o derradeiro dos Malungos, o pavor dos tiranos, líder dos motins.

Vivo na revolta que transborda em peito rebelado.

Minha chave mágica abriu tranca de senzala.

Na fuga do cativeiro, os Encantados se acostaram em meu auxílio.

Cada árvore ancestral despistava o algoz, causando perturbação no inimigo. Eram gritos aterradores ecoando no corredor da vegetação: “EU SOU MALUNGUINHO, EU SOU MALUNGUINHO”!

Foi desse jeito que sobrevivi às emboscadas.

Com a minha cabeça a prêmio, desenhei estratégias de defesa da minha gente que se espalhava pelos mocambos do manguezal na beira do rio Beberibe e em toda mata ao norte de Pernambuco.

De tanta provação, ressurgi virado em mensageiro de três mundos.

Mata, Jurema e Encruzilhada. A trinca onde sou Caboclo, Mestre e Exu-trunqueiro.

Semente, folha…

Raiz!

Sou Reis Malunguinho! Mas me chame também de Caboclo da Mata do Catucá.

LÁ NA MATA, EU SOU CABOCLO…

Abri as trilhas para me entocar dos medonhos.

Tentaram me derrubar botando estrepes no caminho. Mas também aprendi a remover tocaia para libertar meus companheiros.

Ferido de morte, fui curado pelos Encantados e donos das folhas.

Reverti em meu favor as artimanhas dos incautos.

Amolei foice e facão, abri a boca da mata para ajudar os que merecem.

E foi assim que me deram a coroa de palha e pena nas brenhas do Catucá.

Foi lá que acoitei meus irmãos, subi ao altar de Caboclo com a minha preaca na mão, na brecha rasgada no matagal.

Herdei a ciência dos Pajés, a sabedoria dos cocares.

No labor das matas, cada um existia pelo outro, união tramada em cipó de Japecanga.

Hoje eu vivo em cada semente que estala maracá, alumio a tocha que encandeia o breu noturno.

Trabalho na força das ervas, desvendando o mistério das macerações e o segredo das infusões.

Passa rio, passa riacho, mas meu nome permanece.

Sou Reis Malunguinho! Mas me chame também de Mestre!

TRIUNFA, MESTRE!

Triunfei, triunfá! É Catimbó praticado na raiz.

Do meu cachimbo, sai a força da rama soprada no vento, fumaça de limpeza e descarrego.

Trago o triunfo dos que alcançam a visão que vem de dentro; o guia que conduz pelo reino dos invisíveis, universo fumegante que revela a ciência dos Encantados.

Moro na magia da cuia de Sapucaia que oferta o vinho da Jurema Sagrada.

Sou o zeloso protetor dos que viajam ao interior de si, a miração que transcende a consciência.

A chave que um dia abriu a tranca dos portões do cativeiro, agora fecha o corpo dos enfermos.

Mestre que trabalha pela cura, faço vigília pela restauração dos aflitos.

Nas taças transparentes dos rituais de mesa, meus príncipes e princesas indicam as veredas da luz.

Das sete cidades encantadas da Jurema, eu arreio na Junçá, Vajucá, Manacá, Catucá, Angico e Aroeira, abrindo os portais dos outros mundos.

Sou Reis Malunguinho! Mas me chame também de guardião dos Encantos Cruzados.

NA ENCRUZA, SOU GUARDIÃO…

Nos pontos onde se cruzam os mistérios e festanças, eu sou Exu-trunqueiro

Meus caminhos se encontram com os daqueles que me esculpem na fé dos benfeitores.

Cruzo as sete pontas com as linhas traçadas da estrela que alumia minha gente, nos símbolos magísticos que misturam todo crer.

Tranço arco e flecha com Oxê!

Moro no tronco firme a sustentar o Quilombo que vive em nós.

Ostento a coroa de Reis em procissão. Festa, arte, reparação!

Em meu nome toca o alujá ligeiro, se enfeita a Calunga do Maracatu, dançam as penas do Caboclinho de Sete Flechas, quebra a anca no Coco de Roda e no Coco de Gira.

Empunho o Estandarte imponente que segue à frente dos cortejos em que o povo me anuncia nos cruzeiros.

Meu nome é João Batista!

Mas me chame de Malunguinho, o mensageiro de três mundos!

Coroado no tambor pela nação de Xangô que me convoca,

EU VIM PRA TACAR FOGO NO BRASIL!!

Sobô Nirê Mafá!

 

Carnavalesco: Tarcísio Zanon

Consultoria: João Monteiro, pesquisador, historiador, Omo Sango e devoto da jurema

Texto: João Gustavo Melo

Agradecimentos a toda a nação da Jurema no Brasil, especialmente em Pernambuco, que tem abraçado esta proposta de enredo de forma generosa e grandiosamente participativa.

GLOSSÁRIO:

Alujá ligeiro

Toque característico de Xangô, para Malunguinho, mais rápido, não cadenciado.

Arreia

Do verbo arriar, significa baixar, descer.

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