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São Paulo

Dragões da Real escolhe o tempo como enredo para o Carnaval 2019

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A Dragões da Real lançou na tarde de sábado, 19 de maio, durante feijoada, seu enredo para o Carnaval 2019. Em evento que contou com show do grupo Fundo de Quintal, a agremiação tricolor revelou que contará a história do tempo do Anhembi em A invenção do tempo – Uma odisseia em 65 minutos, do carnavalesco Mauro Quintaes.

A escola pretende mostrar a influência do tempo na humanidade desde Chronos, deus do tempo na mitolotia grega, até sua grande influência na sociedade moderna. Mauro Quintaes se mostrou empolgado com o tema. “É um desafio imenso. É um tema instigante, com muitos caminhos. Optamos pela via de fácil leitura, sem deixar de refletir sobre o tempo como uma invenção, ou seja, uma forma de tentar entender e dominar a ação dos ciclos do universo.”

Mauro Quintaes como surgiu a ideia do tema. “A iniciativa do enredo partiu de um dos integrantes da própria diretoria da escola. Isso reforça a marca democrática da agremiação. Tudo é decidido em conjunto. Isso nos dá tranquilidade para trabalhar.”

O desfile

O carnavalesco também adiantou um pouco da apresentação da Dragões no Anhembi. “Em nosso desfile, vamos ter fases distintas da forma como o tempo foi constituído e estruturado no decorrer das eras e, no final, brincamos com a relatividade do tempo: às vezes, 65 minutos valem por toda a eternidade. O tempo destinado ao desfile pode marcar a história de uma agremiação e ficar para sempre na memória e no coração do nosso desfilante e admirador da escola. A Dragões entrega a essa grande odisseia para o próximo Carnaval.”

Nesta segunda-feira, 21 de maio, a partir de 20h, na quadra da Dragões da Real, Mauro Quintaes fará uma explanação sobre o enredo para os compositores que desejam inscrever obras no concurso de samba-enredo da agremiação. Os poetas poderão tirar dúvidas no encontro.

Logo Dragões da Real

Sinopse

A invenção do tempo – Uma odisseia em 65 minutos

O tempo tem tempo de tempo ser

O tempo tem tempo de tempo dar

Ao tempo da noite que vai correr

O tempo do dia que vai chegar

(Paulo André / Ruy Barata)

…nada será como antes.

Ao chegar ao fim deste texto, algo extraordinário terá acontecido: você não vai ser mais o mesmo. De uma forma ou de outra, o tempo terá agido sobre seu corpo, seu espírito e seu pensamento. A força de Cronos, deus invisível e indestrutível que habita em nós e em tudo que existe no universo é um dos mistérios que mais intrigam e seduzem a mente humana. E sendo o tempo uma divindade em constante mutação, manifesta-se em forma de engrenagens que movimentam o tic-tac do relógio cósmico, aquele que nunca para. Aquele que nunca falha. Aquele que sempre há de girar no compasso das leis do destino. Implacável. Provocador. Fascinante.

No correr dos ponteiros da história, a humanidade tem se lançado ao desafio de inventar o tempo dando-lhe a forma de anos, dias, horas, minutos, segundos… Um grande passo na direção de buscar compreender os ciclos da natureza que se repetem e se repetem e se repetem sem parar. Foi assim que simples mortais ousaram fatiar o tempo em camadas de instantes que se materializam nos deslocamentos da sombra do Sol sobre a pedra, nas areias que escorrem aprisionadas em vidros, na cadência compassada dos pêndulos suspensos no ar, no soar dos velhos carrilhões, no correr ligeiro dos dígitos… Enfim, fez-se da divisão do tempo um artifício para inventá-lo, entendê-lo… e controlá-lo.

O ímpeto de desvendar os mistérios do tempo é também combustível para coletar os vestígios do passado e projetar-se na esperança do futuro. Num piscar de olhos podemos estar em 2019 antes da era cristã ou mesmo aportar em um dia qualquer do ano de 3019. A experiência de decifrar os códigos para navegar entre as épocas de glórias que se foram e as novas eras que virão é a mais atrevida das aventuras no tempo. Nesta Odisseia, o ontem e o amanhã podem se encontrar nos domínios do “hoje”, na esquina do “agora”, na travessia do “já”. Reger o vai e vem do tempo parece, por um instante, uma jornada possível. Mas ele sempre há de escapar entre os dedos. Ágil, astuto e movediço.

A tentativa audaciosa de controlar o tempo nos tornou cativos de um ciclo bárbaro que fabricamos. Caímos na armadilha de forjar nossos próprios grilhões feitos de pressa e ânsia. No frenético badalar das horas, cada um se torna mero ator num palco de urgências sem causa. Acorda. Corre. Trabalha. Gira. Acelera. Aperta. Para… Acorda, corre, trabalha, gira, acelera, aperta, para… acorda-corre- trabalha-gira- acelera-aperta (…) Para? Uma marcha insana que nos rouba o tempo livre de ser apenas… humanos. E ri-se o tempo do balé descompassado de corpos robóticos e da orquestra ruidosa regulada pelo veloz andamento da vida. É hora, enfim, de despertar para deter os ponteiros das horas e fazer um pacto com o tempo.

Contagem regressiva. Chegou o momento de viver a mais fantástica das odisseias em que toda a eternidade cabe em 65 minutos. São os instantes que ficarão para sempre na nossa memória pelo encanto que se manifesta no toque compassado da bateria, na palavra tomada de inspiração em poesia e na melodia sincopada a impulsionar a glória de um desfile memorável, no gingado de cada componente que risca o chão da Avenida na cadência bonita do samba, no calor que acende a chama da eterna felicidade. Por isso, roguemos ao tempo, poeta e compositor de afetos, que nos destine a perpétua alegria de, por alguns instantes de ilusão, sermos imortais. Porque somos corpo, alma e emoção em uma apoteótica Odisseia chamada Carnaval.

É tempo de ser feliz. Quem sabe faz a hora. O nosso tempo é o já, agora e por todo o sempre.

E nada será como antes…

Carnavalesco: Mauro Quintaes

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