Por aí
Exposição conta a história dos 70 anos da Beija-Flor
A devoção de uma comunidade, as transformações estéticas que marcaram o Carnaval carioca, as matriarcas, a passista, a porta-bandeira e o intérprete símbolos da agremiação, objetos, imagens e áudios inéditos. Tudo isto o público poderá encontrar na exposição 70 anos Beija-flor de sambas, enredos, memórias e comunidade, que entra em cartaz na terça-feira, 22 de janeiro, no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, na Praça Onze.
A mostra, que é patrocinada pela Prefeitura do Rio e pode ser vista até 22 de março, conta a história da azul e branco de Nilópolis através mais de 200 itens, entre cadernos de enredos, fotos, esculturas, troféus, medalhas e antigos sambas de exaltação desconhecidos do grande público.
O acervo passeia pela trajetória da Beija-Flor desde o surgimento como bloco, em 25 de dezembro de 1948, passando pelo primeiro desfile como escola de samba, em 1954, até a transformação em potência dos desfiles na Sapucaí. Atual campeã do Carnaval, a Deusa da Passarela possui 14 títulos e é a terceira maior vencedora, atrás apenas de Portela e Mangueira.
Rerefência
A secretária municipal de Cultura do Rio de Janeiro, Nilcemar Nogueira, explica que o local será uma referência para a folia. “Estamos transformando o Calouste em um centro de referência sobre Carnaval e esta exposição é o primeiro grande projeto nesta direção. A mostra valoriza a história dos sambistas e de uma comunidade aguerrida que transformaram a Beija-Flor em uma das maiores escolas do nosso Carnaval, a mais representativa manifestação cultural do Rio.”
Os segmentos da escola, como bateria e compositores, e a força da comunidade nilopolitana ganham protagonismo ao longo da mostra. A começar pelo compositor Cabana, que em 1953 inscreveu o então bloco para desfilar pela primeira vez como escola de samba. Personagens ícones do Carnaval também são exaltados, entre eles Soninha Capeta, ex-rainha de bateria da escola e uma das maiores passistas do Carnaval, o intérprete Neguinho da Beija-Flor e o casal de porta-bandeira e mestre-sala Selminha Sorriso e Claudinho.
Consultora da exposição, Selminha vibra com o resultado. “Ajudei em todo o processo de pesquisa e hoje o meu sentimento é de gratidão. Gratidão por poder mostrar esse legado às futuras gerações, gratidão por ajudar a contar essa história que também é a história da minha vida. Tenho certeza que as pessoas vão se emocionar com as imagens, com os relatos, enfim, com o que cada objeto ali representa.”
Grandes enredos
Enredos que marcaram época, entre eles A criação do mundo na tradição nagô, A grande constelação das estrelas negras e Ratos e urubus, larguem a minha fantasia são revisitados. Joãosinho Trinta, que a partir dos anos 1970 revolucionou a estética da escola e do carnaval brasileiro, ganha destaque em fotos e objetos. São também homenageados outros importantes carnavalescos da trajetória da Beija-Flor, caso de Milton Cunha, Alexandre Louzada, Rosa Magalhães e Maria Augusta.
O jornalista Aydano Motta, que assina os textos da mostra exalta a importância da mostra para a festa de Momo. “A Beija-Flor é um grande mistério. Uma escola que nasceu de maneira inesperada, que se firmou e foi construindo sua tradição com tanta entrega da comunidade, e poucas pessoas conhecem essa história. Por isso essa exposição é tão importante. Espero também que seja a primeira de muitas escolas a fazerem isso, essa exposição tem um valor inestimável para o carnaval.”
Serviço
Exposição 70 anos Beija-flor de sambas, enredos, memórias e comunidade
Local: Centro de Artes Calouste Gulbenkian.
Endereço: Rua Benedito Hipólito, 125, Centro.
Data: De 22 de janeiro a 22 de março de 2019.
Entrada: Gratuita.
Ficha Técnina
Curadoria: Marcelo Campos e Wagner Gonçalves.
Consultoria: Selminha Sorriso.
Textos: Aydano Motta.
Pesquisa: Nataraj Trinta e Departamento Cultural.
Projeto gráfico: Marcelo Poloni.
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