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Marcos Falcon estaria completando 53 anos neste sábado

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Foto: A. Pinto.

Um dos mais significativos dirigentes das escolas de samba cariocas nos últimos anos estaria completando neste sábado, 11 de fevereiro, 53 anos de idade. Marcos Falcon assumiu a presidência da Portela em 2017, mas já comandava a administração da azul e branco de Madureira no triênio anterior, quando era vice-presidente.

Depois de tempos difíceis, com colocações ruins e desfiles abaixo das tradições portelenses, Falcon reconduziu a Portela à condição de uma das favoritas a conquistar o título do Grupo Especial. Modernizou a administração da escola, acertou as finanças da agremiação e se tornou, para muitos componentes da Águia e críticos de Carnaval, o maior líder da azul e branco desde Natal e Candeia.

Era também presidente de honra da Rosas de Ouro, que disputa a Série D e da Associação Cultural Samba É Nosso, que organizava parte dos desfiles da Estrada Intendente Magalhães, e candidato à vereador do Rio de Janeiro quando foi brutalmente assassinado no dia 26 de setembro de 2016.

REVISTA CARNAVAL fez matéria especial sobre Marcos Falcon em outubro
Logo após o assassinato de Marcos Falcon, REVISTA CARNAVAL publicou uma matéria especial sobre o presidente da Portela, com depoimentos de personalidades da Águia de Madureira e do mundo do samba. Confira.

Carnaval lamenta a morte de Marcos Falcon

O Carnaval foi novamente vítima da violência. No dia 26 de setembro, homens encapuzados invadiram o Comitê de Campanha do candidato a vereador e presidente da Portela, Marcos Falcon, e o executaram. O crime causou comoção na azul e branco e no mundo do samba e fizeram o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, se pronunciar exaltando a capacidade de liderança do comandante da Águia e pedindo à polícia celeridade na elucidação do assassinato.

Poucos anos bastaram para que Marcos Falcon se tornasse o líder da maior campeã do Carnaval carioca. Ele foi eleito em maio de 2013 vice-presidente na chapa encabeçada pelo compositor Serginho Procópio. A mudança na direção da escola provocou euforia em seus torcedores e componentes, dado a sequência de resultados ruins na administração anterior.

Os primeiros momentos, porém, não foram fáceis. A escola devia aproximadamente R$ 15 milhões e a expectativa por um bom resultado no desfile de 2014 era grande. Marcos Falcon assumiu o protagonismo administrativo, colocou as finanças da escola nos eixos e já no primeiro Carnaval a Portela ficou em terceiro lugar.

Três anos depois, com as contas equilibradas e com ótimas apresentações da escola na Marquês de Sapucaí, Marcos Falcon, que em um primeiro momento chegou a cogitar não ser candidato, foi eleito presidente da Portela. Paralelamente, havia fundado a Associação Cultural Samba É Nosso, que moralizou os desfiles dos Grupos C, D e E na Estrada Intendente Magalhães. Balas, porém, interromperam seu caminho e a impressionante liderança que alcançou.

A trajetória vitoriosa de Marcos Falcon o fez ser comparado a grandes nomes da Portela, como afirmou o diretor Cultural da Portela, Rogério Rodrigues. “O presidente Marcos Falcon representa tudo na Portela: altivez, coragem, ousadia, respeito às tradições, inovação, vanguarda, elegância … Enfim, todos os valores portelenses personificados numa só pessoa.  O maior depois de Paulo (da Portela), Natal e Candeia.”

A porta-bandeira Danielle Nascimento é outra personalidade da Portela a exaltar a liderança do presidente. “Marcos Falcon era nosso grande líder. Devolveu o orgulho do Portelense. Reestruturou a Escola a colocando no topo novamente. Por isso, ele terá nossa gratidão eterna. Depois do meu avô Natal, ele foi o dirigente mais importante para Portela em apenas três anos. Ele era uma águia!”

O campeoníssimo compositor Noca da Portela também o compara ao antigo comandante da escola. “Depois do nosso saudoso grande presidente Natal, o maior presidente que a Portela teve foi Marcos Falcon, que resgatou a nossa autoestima, a nossa credibilidade e o orgulho de ser portelense.”

Samir Trindade, compositor bicampeão de samba de enredo da azul e branco em 2016 e 2017, destacou a mudança que Falcon proporcionou à Águia. “Ele foi o maior líder que a Portela teve depois de Natal, era o símbolo e responsável principal pela mudança que a escola teve pra melhor nos últimos anos e resgatou o orgulho dos torcedores. Buscava sempre o melhor, como foi por exemplo a vinda do Paulo Barros para a escola. Deixou um legado e espero que sigamos seu exemplo de determinação para alcançar o título nesse carnaval de 2017.”

Mestre de Bateria da azul e branco de Madureira, Nilo Sérgio, afirma que Marcos Falcon reacendeu a chama do portelense. “Ele acreditou na gente, no povo da Portela. Muitas pessoas saíram da escola porque não acreditavam que pudéssemos disputar novamente o título, e Falcon reacendeu a chama do portelense.”

O jornalista, escritor e comentarista de Carnaval Fábio Fabato sublinhou o pouco tempo que o presidente da azul e branco devolveu a autoestima à escola. “Marcos Falcon foi uma liderança nova e rápida que, com carisma e capacidade de engajamento, fez a Portela novamente pensar e se reconhecer como grande.”

Casado com a porta-bandeira da Beija-Flor, Seminha Sorriso, e também presidente de honra da Rosa de Ouro, agremiação de Oswaldo Cruz que desfilará no Grupo D no próximo ano, Marcos Falcon conseguiu o respeito e a admiração além da quadra da Portela, agora batizada com seu nome. “Deu voz, não só aos portelenses, mas, também, às escolas dos grupos que desfilam na Intendente Magalhães. Sempre estabeleceu um diálogo respeitoso com a Liesa e os presidentes das coirmãs. Um homem aglutinador”, conta Rogério Rodrigues.

Braço direito de Marcos Falcon na Associação Cultural Samba é Nosso, que administra os Grupos C, D e E e que o portelense presidia, o diretor Jurídico da entidade, Alexandre Valle, conta que a contribuição do dirigente assassinado ao Carnaval da Intendente data de mais de uma década. “Há 15 anos ele colaborava com apoio logístico, material, cessão do local para o barracão das escolas, sem qualquer interesse político e independente da associação.”

Estar à frente da organização oficial, porém, possibilitou a Falcon uma maior colaboração, segundo revelou Alexandre. “A Associação Samba é Nosso permitiu uma participação mais direta dele na organização, negociando patrocínios, se reunindo com a Riotur, conseguindo a diminuição do valor do ECAD e o aumento da subvenção, até para o Grupo B, que não é administrado pela Samba é Nosso, e deixando um projeto de melhorias para a Intendente, em som, arquibancada, roleta para contagem de público …”

Alexandre conta que o trabalho continua. “Falcon fará falta. Ele era um líder nato. Não se cria um líder. Eu, Marcos Roza (diretor de Pesquisa) e toda a diretoria está se desdobrando, levando um pouquinho do Falcon dentro de nós. Continua um toque do seu trabalho. O Carnaval da Intendente não retrocederá. A memória dele e as escolas não merecem isso.”

Samir Trindade acredita que a ausência do líder portelense será sentida em muitas agremiações. “Falcon vai fazer muita falta ao Carnaval, era um incentivador das escolas do grupo de acesso. Além disso, para o bem do carnaval era necessário uma Portela forte e ele fez isso. Vai fazer muita falta sem dúvida.”

Segundo Nilo Sérgio, Marcos Falcon representava uma nova era no Carnaval. “Homem íntegro, lutador. Ele acreditava e fazia a gente acreditar que era possível fazer as coisas acontecerem. Era outro tipo de líder, escutava as pessoas. Iria fazer uma grande diferença no Carnaval. Vai fazer muita falta.”

A contribuição de Falcon, segundo Fabato, foi além de uma boa administração. “Ele abriu uma nova possibilidade de gestão, com a participação de pessoas gabaritadas em postos cuidadosamente escolhidos, e que chegou perto do sonhado equilíbrio entre as porções cultural e empresarial da festa.”

O jornalista lembrou a necessidade de mobilização das agremiações da Intendente para que a evolução continue, mesmo sem a liderança de Marcos Falcon. “Os grupos de acesso agora terão de se organizar de forma proativa para manterem o legado de lisura dos julgamentos e a capacidade de organização.”

Apesar da tristeza pela morte de Marcos Falcon, os rumos da Portela não deverão mudar. Rogério Rodrigues acredita que os caminhos deixados pelo presidente serão mantidos. “Sentiremos, como estamos sentindo, o baque agora, mas ele foi tão generoso que deixou a escola renovada e com uma estrutura de gestão que todo sambista sonha para a sua escola. A Portela está mais forte do que nunca.”

Danielle Nascimento entende que os componentes da escola se dedicarão ainda mais quando estiverem na Avenida no próximo Carnaval. “Ele plantou a força dele nos corações de cada um de nós Portelenses e é com essa força que vamos para o desfile de 2017 para fazer o Carnaval que ele merece!”

A superação dos portelenses foi destacada por Samir Trindade. “A Portela vai sentir com certeza, mas a escola já passou por grandes perdas, e até uma dissidência, e resistiu. Acho que vamos nos unir e sairemos mais fortes desse baque. E dedicaremos o título ao cara que mais lutou pra isso, Marcos Falcon.”

Noca compartilha opinião semelhante. “A família portelense vai para Avenida ainda mais unida, com a força que vem do além, para darmos continuidade ao nosso sonho de ver a Portela novamente ser campeã e quebrar o jejum que estamos passando na Sapucaí desde a sua inauguração. Este era o grande sonho de nosso saudoso presidente.”

Fabato também crê que os rumos da Águia estão definidos. “A Portela não perde força porque o caminho que ele pavimentou já existe. Agora, é seguir adiante. Acredito firmemente que meu irmão Luis Carlos Magalhães (novo presidente da escola) seguirá com maestria o trabalho plantado por Falcon.”

Nilo Sérgio lembra O sonho não acabou, música de Luiz Carlos da Vila e Adilson Victor em homenagem a Candeia, outro grande líder portelense, para falar do futuro da Portela sem Marcos Falcon. “A chama não se apagou e nem se apagará.” O mestre de bateria afirma que o presidente morto recentemente queria ser campeão e que a escola está forte. “Ele estruturou a Portela, colocou as pessoas certas nos lugares exatos para que a chama não se apague. Estamos unidos, com vontade e com a chama dobrada.”

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