Por aí
Nilcemar Nogueira exalta Dona Ivone Lara
A secretária Municipal de Cultura do Rio de Janeira e neta de Cartola e Dona Zica, Nilcemar Nogueira, divulgou nesta terça-feira, 17 de abril, um texto sobre Dona Ivone Lara, que morreu na quarta-feira, 16 de abril. Ela exaltou a sambista falecida dizendo que esta destruiu paradigmas e a colocou como “a maior expressão feminina de resistência dos séculos XX e XXI após Chiquinha Gonzaga”.
Confira o texto
Dona Ivone, expressão feminina de resistência
Hoje a tristeza e a saudade que a partida de Dona Ivone Lara nos impõe vêm acompanhadas também por muitas simbologias no campo da cultura popular brasileira. Dona Ivone talvez seja a maior expressão feminina de resistência dos séculos XX e XXI após Chiquinha Gonzaga. Em uma época na qual a participação da mulher nas sociedades constituídas aqui e no mundo fora pontuada por restrições, ela surgiu como um alento diante do machismo acachapante e da hostilização ao “dito” sexo frágil.
Dona Ivone desconstruiu paradigmas ao se firmar no mundo do samba como compositora, lutou pelo reconhecimento de nossa ancestralidade africana quando os debates sobre o preconceito étnico-racial ainda se apresentavam frágeis. Apresentou a Serrinha com maestria ao mercado fonográfico, consolidando o legado de Silas de Oliveira e as narrativas construídas por Vovó Maria Joana e mestre Darcy do Jongo.
A importância de Dona Ivone Lara para a cultura brasileira e para a afirmação das minorias (na verdade maiorias, como bem sabemos) é extrema, singular, indelével. O verso da letra de uma de suas magníficas obras – “negro é a raiz da liberdade” – é o mais emblemático, significante, grito de luta pela igualdade de diretos que ecoa da base da pirâmide social brasileira para todos os continentes. Dona Ivone é universal é atemporal.
“A chuva tá caindo, mas o samba não pode parar!”. E não vai, não!
Pois é, Dona, Deus te chamou…
E a senhora respondeu “eu estou aqui …”
E chegou pisando devagarinho
Com um sorriso negro.
E a vida segue em frente
E a nós,restará contar a sua história
As suas glórias e cantar o seu legado.
O samba chora.
Nilcemar Nogueira, Secretária Municipal de Cultura
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