Grupo Especial
Portela divulga justificativa do enredo de 2017
A Portela divulgou na quarta-feira, 18 de janeiro, a justificativa do enredo “Quem Nunca Sentiu o Corpo Arrepiar ao Ver Esse Rio Passar…”, do carnavalesco Paulo Barros. O texto é o mesmo que será publicado no Abre-Alas, livro que a Liesa entrega aos jurados como todos os dados sobre os desfiles das escolas. A azul e branco de Madureira será a quinta agremiação do Grupo Especial a se apresentar na segunda-feira de Carnaval.
Justificativa do enredo
A Portela, em 2017, entra na Avenida como um grande rio para receber águas doces que atravessam o mundo, irrigando de sabedoria e de encantamento a existência humana. Nasce na Fonte da Vida e, ao longo do percurso, a ele juntam-se outros cursos d’água, que chegam de todos os tempos e lugares e contribuem para mostrar a importância desse recurso natural insubstituível. A influência dos rios na história do homem e suas relações com as águas que alimentam o planeta é o enredo da Azul e Branco: é “água de benzer”, para pedir a proteção divina, desde o surgimento das primeiras civilizações, e que abençoa até hoje o culto aos deuses, santos e orixás; são lendas e mistérios que habitam as narrativas populares e têm origem nos rios que banham o dia a dia das populações ribeirinhas; é água para saciar a sede, e que também embevece a alma, inspirando a arte e a poesia. Do murmúrio das nascentes, que brotam no seio da terra, aos leitos caudalosos, que cruzam cidades e países, há manifestações que procuram conectar o sagrado e o profano, o divino e o humano, o mítico e o real, a natureza e o Carnaval.
Ao longo de todo o desfile, surgem referências que associam a trajetória da Portela ao fluir de um imenso rio que recebe contribuições para perpetuar sua história. A metáfora, nascida do samba Foi um Rio que Passou em Minha Vida (1970), do compositor Paulinho da Viola, inspirou o enredo e é seu fio condutor. Para falar das águas que sustentam a vida, a Escola se torna o próprio rio, recebendo tantos outros que encontra no leito da Portela, o caminho para cruzar a Passarela.
Berço de grandes sambistas, a escola identifica-se com a metáfora que inspirou o poeta. Em sua nascente, a organização das rodas de partido-alto, jongo, caxambu, samba de terreiro, festas religiosas e profanas, dentre elas, o Carnaval, tornam os bairros de Oswaldo Cruz e Madureira espaços de integração da comunidade pobre do início do século XX. Escravos libertos e seus descendentes formam os primeiros subúrbios da cidade do Rio de Janeiro. Pioneira, a Portela é origem e fonte de inspiração que institui alguns dos principais atributos que caracterizam as Escolas de Samba e a organização de seus desfiles. O enredo Quem Nunca Sentiu o Corpo Arrepiar ao Ver Esse Rio Passar… faz uma homenagem à Escola, ao longo de seu percurso, enquanto toma conta da Avenida. Personagens e baluartes que contribuíram para o nascimento e a identidade da Portela são lembrados nessa travessia. Percorrem o leito desse grande rio aqueles que ensinaram a navegar. Paulo da Portela, primeiro presidente da agremiação, segundo Nei Lopes, no livro Guimbaustrilho e Outros Mistérios Suburbanos, “uma das maiores personalidades do mundo do samba em todos os tempos foi, em sua época, como compositor e dirigente e, a seu modo, um dos grandes defensores e propagadores da cultura dos negros. Movimentando-se entre as fronteiras que separavam as classes mais favorecidas da sua e, assim, levando políticos e artistas e intelectuais burgueses até o mundo do samba e conduzindo as escolas até as proximidades do poder, foi um dos maiores alavancadores do processo de aceitação do samba pela cultura dominante. (2001)”. Ao lado do presidente, estavam Antônio da Silva Caetano (secretário) e Antônio Rufino dos Reis (tesoureiro). Para sobreviver aos tempos de “perseguição à malandragem,” instituídos pela Lei da Vadiagem do governo GetúlioVargas, o Estado Novo da década de 1930, os dirigentes da Portela incentivaram o uso de terno e gravata para que os sambistas fossem tratados com respeito. A Portela introduziu diversas características dos desfiles das Escolas de Samba: a comissão de frente tradicional, as alas separadas e as cores da Escola nas fantasias e na decoração das alegorias são alguns exemplos.
Outros personagens e baluartes da Azul e Branco se tornaram ícones do Carnaval carioca: Candeia, que compôs seu primeiro samba-enredo para a Portela, Seis Datas Magnas, aos 17 anos, em 1953, foi um ferrenho defensor da cultura afro-brasileira e das tradições dos desfiles carnavalescos; a pastora Dodô, porta-bandeira no primeiro campeonato da Portela, em 1935, quando recebeu a bandeira das mãos de Paulo da Portela e seguiu na função até 1966; Clara Nunes, o sabiá da Portela, uma das maiores intérpretes da música popular brasileira. Esses portelenses guiam os corações nessa travessia através do rio azul e branco e surgem em barquinhos ao longo do percurso. É a barqueata da Portela que percorre o rio.
A Portela inicia seu desfile com a Comissão de Frente representando a Piracema, fenômeno em que os peixes nadam contra a correnteza em direção à foz, para se reproduzirem. A imagem, muito além de apresentar um dos aspectos mais importantes de reprodução da vida desse ecossistema, traduz a força capaz de ultrapassar qualquer obstáculo em busca de um objetivo. Resistindo a todas as adversidades, ao longo de quase um século de história, a emoção que emana da Portela é capaz de atravessar o tempo, superando preconceitos e vencendo desafios. É a ideia-síntese do sentimento de coragem e determinação que apresenta a Escola na avenida, mostrando que o final do percurso é também o lugar onde a vida recomeça.
Oxum, madrinha da Portela, e Oxóssi, padrinho da bateria, estão representados pelo Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira. Oxum, orixá da fecundidade e da riqueza, baila com Oxóssi, o rei de Álákètú e protetor das matas, grande amor de sua vida. O manto sagrado da Portela é conduzido pela Yalodê Oxum, rainha de todos os rios, senhora das águas doces, que, ao lado de Oxóssi, protege a fonte da vida.
A Águia, símbolo da Portela, é a sentinela da mina d’água que emerge do seio da terra e abençoa a passarela. O pássaro divino, que conhece a origem do mundo e detém o conhecimento milenar de uma experiência anterior à existência da humanidade, tem o poder da transformação. Em sua sabedoria, encontra o lugar de onde brotam as águas mais puras e espalha sua energia vital.
O Abre-Alas é a fonte de onde nasce o rio azul e branco. As diferentes culturas, em cada um de seus modos de ser, reservam uma dimensão simbólica para a água como origem e veículo de toda vida. Grande parte das cosmogonias a considera como o mais antigo dos elementos, a manifestação de Deus, a fonte primordial de onde surgem todas as coisas. Na mitologia, na literatura, na música, na arquitetura e na religião, a água deixa de ser apenas parte fundamental da natureza externa e da vida biológica para se tornar dimensão essencial da existência humana. A mãe natureza, que faz brotar do chão a água límpida, espalha a fertilidade e a abundância por todo o planeta. A nascente do rio tem a cor do ouro porque guarda o bem mais precioso da humanidade. A água doce dos rios, que encharca o solo e produz prosperidade, vem se tornando cada vez mais cobiçada, pois está desaparecendo, em virtude do desmatamento de encostas e matas ciliares e do uso inadequado dos solos. Da mesma forma, o desperdício é outro fator que ameaça a reserva de água do planeta, e seu esgotamento é uma ameaça iminente. A água vale ouro, em um mundo que caminha para a escassez da fonte vital da vida. A preservação das matas em torno das nascentes e o consumo consciente são as maiores contribuições para que seja conservado esse bem natural insubstituível à existência terrena e espiritual.
Os rios são essenciais para a produção de alimentos. Por essa razão, os homens procuram se estabelecer nas terras férteis banhadas por eles. São determinantes no processo civilizatório, sendo a razão para a fixação dos povos nos territórios de seus entornos. Nas águas do passado, encontra-se a origem das diferentes civilizações, que, ao se relacionarem com os rios, deixam o legado de conquistas sociais e políticas, a base da sociedade como a conhecemos hoje. Metaforicamente, também é possível imaginar que a história se faz a partir do próprio curso de um rio, em que as ideias vêm escoando de seus mananciais, de suas fontes primais, repleta também de símbolos, mitos e crenças, pelas quais os povos desenvolvem seus sistemas organizativos em um mundo sacralizado.
Os habitantes das primeiras aldeias, vilas e cidades pediam provimentos, para o espírito e o corpo, às divindades dos rios. Regidos pela espiritualidade e pela devoção, suplicavam pelo poder que acreditavam ser capaz de controlar forças naturais e o próprio destino. As divindades evocadas pela Portela representam os rios dos primórdios das grandes civilizações. Expressam seus poderes através das energias que emanam da natureza e controlam o fluir da existência de todos os seres. O deus Sol que habita o Vale Sagrado dos Incas, onde nasce o rio Vilcanota, ilumina a fonte da vida; a deusa hindu Ganga da purificação, cultuada nas águas do rio Ganges, liberta os espíritos de todo sofrimento, para que atinjam o nirvana; o imperador chinês Yu, do rio Amarelo, domina tormentas e inundações. Navegar em meio a águas sagradas requer experiência e sabedoria. O barco que leva Paulo Benjamin de Oliveira – o Paulo da Portela –, Antônio Rufino e Antônio da Silva Caetano, senhores da criação do rio azul e branco, é o guia do povo do Carnaval nesse trecho do rio. O poderoso Marduk, deus supremo da Babilônia e dos quatro cantos da Terra, garante luz e justiça, vencendo o caos e a obscuridade; o deus Osíris, que ensina a agricultura aos antigos egípcios, e a deusa Ísis, mãe afetuosa e complacente, são conhecidos em todo o mundo por serem os deuses provedores da prosperidade, capazes de reger a vida e a morte. Seus mitos são inspirados nas cheias anuais do rio Nilo, que, ao recuar, deixa um vasto território fértil para as plantações.
O rio cresce enquanto se afasta da nascente, recebendo as águas e os seres de seus afluentes. Flutuam os aguapés que vêm do rio Paraguai, plantas aquáticas que filtram as impurezas e oferecem uma paisagem de beleza singular que deve ser observada com todo cuidado. Essa espécie se prolifera em lugares de grande poluição, servindo de indicador para o controle da qualidade dos ambientes em que vive. O rei dos rios é o crocodilo, animal de grande porte e força, que mergulha na Portela trazido pelas águas jamaicanas da Terra dos Mananciais. Muitas são as espécies da fauna e da flora que vivem nos rios, mas nenhuma delas exerce tanto fascínio e temor quanto os encantados seres sobrenaturais, que não pedem licença para suas aparições. Do rio Takahashi, chega o dragão mitológico japonês Mizuchi, “o espírito das águas” provocando turbulência. É preciso ter coragem e determinação para atravessar em segurança esse trecho do rio. Surge, em destaque, mestre Candeia, compositor de sambas inesquecíveis, iluminando o caminho com a luz de sua sabedoria, inspiração e sensibilidade. As águas se acalmam, mas o perigo persiste. O canto doce e inebriante que pode ser ouvido por quem mergulha no rio Solimões envolve os guerreiros nas artimanhas da Iara, sereia sedutora que lança seu feitiço para arrastar os homens para o fundo das águas. A canoa vai chegar à aldeia e, para isso, é preciso resistir aos encantos da Mãe d´Água. E atenção redobrada com as moças, porque o rio Negro deságua na Avenida e, com ele, chega o boto cor-de-rosa para seduzi-las e engravidá-las nas noites de festa. São as lendas e os mistérios dos rios, que não poderiam ser melhores representados do que pelo rio Amazonas! Os limites da Passarela não comportam a imensidão de um dos maiores rios do mundo. É preciso mudar o ângulo de observação para compreender a grandiosidade desse ecossistema e a singularidade de seus habitantes. Entre as muitas histórias contadas por diferentes povos e que mencionam uma Cobra-Grande e ameaçadora, capaz de engolir embarcações, o rio da Portela revela a lenda indígena da Boiuna, que vive nas águas encantadas do rio-mar.
Superados os sustos que animam a travessia desse ponto do rio, chega-se às margens onde o burburinho do trabalho enche o ar. Vêm de Angola as águas misturadas ao sabão do trabalho das lavadeiras. Pequenos barcos provenientes do rio Barito da Indonésia navegam repletos de mercadorias, para abastecer de alimentos os que moram na beira do rio. E a água de beber vem do Rio de Janeiro! As passistas representando o Chafariz da Carioca ajudam a alimentar a cidade nos séculos XVIII e XIX, com a água límpida do rio Carioca, fonte potável mais antiga da cidade. Aguadeiros, escravos e trabalhadores iam e vinham carregando o precioso líquido. Eram como uma extensão do próprio rio a saciar a sede e abastecer a população.
De anzol ou de tarrafa, os que vivem do ofício que acompanha o homem desde o início dos tempos retiram seu sustento de dentro do rio. O pescador conhece o movimento das águas, observa o nível e a vazão, as cheias e as estiagens, podendo ser encontrado em qualquer ponto do rio durante a pesca.Sua vida pertence ao rio e, sem ele, não encontra sustento. Na Avenida, segue marcando o ritmo e acompanhando o percurso do rio azul e branco. As águas do São Francisco trazem a fartura dos vinhedos. Não há seca, se o Velho Chico estiver por perto, irrigando as plantações. O santo que dá nome ao rio carrega os frutos da boa colheita e espalha sua mensagem de amor e esperança. A embarcação que navega nessas águas é a da pastora Dodô, Maria das Dores Rodrigues, porta-bandeira pioneira, que ajudou a Portela a conquistar seu primeiro título e seguiu trabalhando pela escola enquanto viveu. A vida que pulsa em torno do rio é de trabalho e, para muitos, de moradia. Ao construir palafitas, as populações ribeirinhas erguem suas casas sobre estacas, para evitar os danos provocados pelas cheias. O rio Mekong, do sudeste da Ásia, exibe o colorido das casinhas plantadas ao seu redor. As águas do rio da Portela mudam de cor, repentinamente. Sangram, trazendo o lamento de quem perdeu a vida que pulsava em suas margens. O contraponto da morte do rio nesse setor é intencional e serve como alerta para a luta pela preservação do ambiente. Quem deságua em pranto de tristeza e sofrimento é o rio Doce. Os danos causados pelos rejeitos da barragem de mineração que arrastou casas, vidas e sonhos, provocando o maior desastre ambiental do Brasil, são irreversíveis. O rio morreu e o pescador deixa escorrer, entre os dedos, o que dele restou, em um lamento de quem perdeu o rio e o rumo.
A tristeza de quem possui a alma ligada ao fluir de um rio deixa registros emocionantes, quando se expressa através da arte. Na literatura, o Wounded Knee é cenário da verdadeira história de luta e resistência dos índios norte-americanos contra a ocupação de seu território durante o processo de colonização dos Estados Unidos. Ainda em águas da América do Norte, a poesia se expressa no lamento dos escravos durante o trabalho nas plantações de algodão, ao longo das margens do rio Mississipi. Nas cordas da guitarra ou na potência das vozes que cantam o sonho de liberdade, nasce o blues, gênero musical que conquista o mundo. O rio da Portela é um amor capaz de apagar desenganos e receber todos que por ela se apaixonam. A alegria do movimento das águas do rio Danúbio baila no leito azul, ao compasso da valsa que aproxima os casais e as diferentes culturas, para inebriar quem é capaz de fluir ao som da diversidade. Os templos erigidos como obras monumentais à beira dos rios são heranças culturais edificadas para resistir ao tempo e carregam a poesia escrita nas linhas da arquitetura. Na capital Paris, que tem as margens do rio Sena reconhecidas como Patrimônio da Humanidade, está a Catedral de Notre-Dame, também eternizada pelo imaginário da literatura. Do continente europeu, chega mais um exemplar da beleza arquitetônica plantada em um dos canais do rio Neva, a Igreja do Sangue Derramado, importante ícone do império russo. O rio azul e branco toca o céu e a alma, ao entoar a canção que vem do rio Uruguai, palavra guarani que significa “rio dos pássaros” e que batiza o país de mesmo nome. A alma dos rios é a inspiração, um voo em liberdade capaz de nos conduzir pelas curvas da saudade.
A Majestade do Samba rege o grande rio e arrebata corações que a ela se entregam por toda a vida. Essas são as águas da Portela que serão lembradas como mais um exemplo da importância dos rios na existência daqueles que deles dependem para viver. O rio vem passando e “o povo na rua cantando é como uma reza, um ritual”. Lá vem ela, “a procissão do samba abençoando a festa do divino Carnaval!”. À frente do cortejo das águas, está a Velha-Guarda, “formosa e faceira”, celeiro de grandes compositores, que preserva suas raízes e continua produzindo novos e inesquecíveis sambas. Sob a benção do Espírito Santo, a Azul e Branco derrama suas águas na Sapucaí, para mostrar que “na Portela o samba é religião”. O rio se enche de lembranças e revela algumas das “páginas mais belas” da história da agremiação de Madureira e Oswaldo Cruz. O último barco da barqueata traz Clara Nunes, o ser de luz que volta ao seu lugar para, com a força de seu canto, traduzir o sentimento de fé, amor e devoção que deságua no rio da Portela. “É água de benzer, água pra clarear, onde canta um sabiá!”. Paulo Benjamin de Oliveira, o Oranian, que fez a Portela crescer, e Clara Nunes, a guerreira, filha de Iansã, são algumas das almas portelenses que se unem ao cortejo da saudade. É a Portela na Avenida trazendo seus pastores e pastoras. Eles “chegam da cidade, da favela para defender as tuas cores, como fiéis na Santa Missa da Capela” e celebrar a herança cultural do samba, formando o coro que entoa um hino de louvação: “Portela é canto no ar!”. O manto sagrado, inspirado nas cores das vestes de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da Escola, é conduzido por casais de mestre-sala e porta-bandeira. “Na ginga do estandarte, Portela derrama a arte. (…) Faz da vida, poesia e canta a sua alegria em tempos de Carnaval!”.
Mamãe Oxum, madrinha da Escola e rainha das águas doces, controla e protege as águas do rio. Traz o ouro da vitória e, em um tributo à vaidade, reflete, no espelho das águas, a verdade: entre todas as escolas, “a mais linda, a mais bela é ela”, a Portela! O imenso rio que tomou conta da Avenida está aos pés do Altar do Carnaval, lugar de devoção em que se prestam todas as reverências. Nele, acontece o culto a Oxum, senhora dos rios e da riqueza, agradecendo o poder da criação, capaz de reunir e mover as águas do mundo para encantar a Passarela. “Ora yeye ô, vem me banhar de axé, Ora yeye ô…”. Presidentes, baluartes e personalidades do mundo do samba que escreveram as páginas mais belas da Portela são homenageados: Paulo da Portela, Natal, Clara Nunes, pastora Dodô e Maria Lata D’Água, esta última, que, apesar de estar distante da Passarela do Samba, ainda vive e segue encantando a todos com sua história que deixa marcas no Carnaval. Monarco, Presidente de Honra da Escola, no samba Passado de Glória, expressa a emoção provocada pela lembrança de todos que fazem parte dessa impressionante trajetória: “No livro da nossa história tem conquistas a valer / Juro que nem posso me lembrar / Se for falar da Portela, hoje não vou terminar”. No altar da missa do templo do samba, está a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, cuja imagem milagrosa foi encontrada no rio Paraíba do Sul há 300 anos. Seus bispos são eminências do samba da Portela, que garantem a celebração da diversidade e a devoção à cultura popular. Os cânticos de amor, fé e resistência, as orações e oferendas, as lembranças e homenagens, os pedidos e agradecimentos são bem-vindos. E, por mais que se procure agradecer ou lembrar, a verdade é que a saudade da Portela sempre começa no dia seguinte de cada desfile. A ela, se juntam novos corações arrastados pelo rio que segue sem parar, em direção ao seu destino! Cada nova lembrança pode se transformar em um rio de lágrimas provocado pela emoção. “O perfume da flor é seu / O olhar marejou sou eu / Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar…”.
“Salve o samba, salve a santa, salve ela
Salve o manto azul e branco da Portela
Desfilando triunfal sobre o altar do Carnaval!”
Salve o rio, salve a santa, salve ela!
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