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Veja mais fantasias da Beija-Flor para o Carnaval 2023

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A Beija-Flor de Nilópolis segue divulgando suas fantasias para o Carnaval 2023. Na terça-feira, 1º de novembro, a azul e branco apresentou mais dois protótipos, intitulados Quem tem fome, tem pressa e Indígenas na luta pela terra.

Quem tem fome, tem pressa

Fantasia Beija-Flor 04

Foto: JP Maia / Divulgação.

Veja mais fantasias da Beija-Flor para o Carnaval 2023

Foto: JP Maia / Divulgação.

A miséria, a extrema pobreza e a fome são sintomas do caráter desigual e excludente da formação nacional. Desde a colonização, o modelo econômico e social imposto em nosso território produziu a escassez e a insegurança alimentar. A brutal concentração de terras, o sistema escravista e a prioridade para exportação são algumas das raízes desta mazela.

Este gigante de dimensões coloniais, onde a produção de alimentos bate recorde, ano após ano, também é o país onde o flagelo da fome é fato histórico. Uma nação verdadeiramente independente não pode conviver com a fome.

Enquanto no ano de 2014 comemoramos o fato do país ter saído do Mapa da Fome da ONU; hoje, dados do Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil apontam que mais de 33 milhões de brasileiros não têm garantido o que comer, vivendo em situação de insegurança alimentar.

O combate à fome no Brasil é uma luta histórica pela preservação da própria vida daqueles e daquelas condenados à carestia. A sociedade civil organizada é protagonista na denúncia, na mobilização, no enfrentamento e na conscientização em prol da conquista de políticas públicas que promovam a diminuição da pobreza. O objetivo primordial é garantir a todos os brasileiros e brasileiras o acesso a alimentação saudável, nutritiva e suficiente.

Quem tem fome, tem pressa.

Indígenas na luta pela terra

Fantasia Beija-Flor 03

Foto: JP Maia / Divulgação.

Fantasia Beija-Flor 03b

Foto: JP Maia / Divulgação.

Em luta pelo seu direito originário desde a invasão colonial, as comunidades, os povos e nações indígenas conquistaram, através de ampla mobilização e organização coletiva, o reconhecimento desse direito na Constituição de 1988.

Embora previsto em lei, a luta pela demarcação das terras indígenas segue sendo uma pauta fundamental em um contexto político de avanço do desmatamento, do agronegócio e da captura do Estado por estes interesses comerciais e produtivistas.

A articulação dos povos indígenas têm marchado contra as duras investidas que ainda sofrem não apenas através de projetos de leis que autorizam, por exemplo, o garimpo em seus territórios; mas também pela forte violência armada durante essas atividades e as invasões que ainda ocorrem nas poucas áreas demarcadas.

Eles bradam, em alto e bom som, em defesa do direito fundamental dessas nações na busca de liberdade e autonomia: não ao marco temporal!

Indígenas são entraves aos interesses monopolistas dos latifundiários da burguesia agrária. Além de seus saberes ancestrais, tecnologias e formas de vida que desafiam a lógica castradora e uniformizante do Estado nacional, estabelecem uma relação com a terra que não é unicamente econômica; muito pelo contrário: a terra é fonte significativa da sua experiência comunitária.

Possuem uma imensa diversidade sociocultural e linguística que insistem em preservar em um cenário de epistemicídio de todos os modos de conhecimento para além do paradigma ocidental judaico-cristão.

Ode aos Botocudos

Fantasia Beija-Flor

Foto: JP Maia / Divulgação.

Beija-Flor divulga mais uma fantasia

Foto: JP Maia / Divulgação.

Indígenas integrantes do complexo Macro-jê, os “botocudos” são caçadores e coletores seminômades que cultivam a crença nos espíritos encantados dos mortos.

Seus hábitos e modos de vida foram classificados pelo olhar eurocêntrico do colonizador, desde o primeiro contato, como obstáculos a um projeto civilizatório homogeneizador e violento.

No ano de 1808, assim que a Corte Portuguesa chegou ao país, Dom João declarou uma guerra ofensiva aos chamados botocudos que só seria revogada em 1831.

O que justificava esta medida e a guerra que se instaurou era o interesse nas terras. No século XIX, eles ocuparam os sertões de Minas Gerais e do Espírito Santo, na região dos rios Doce, Mucuri e Jequitinhonha, lugar cobiçado no roteiro de expansão econômica que tinha justamente na questão fundiária uma pauta decisiva.

Mesmo durante as guerras da independência, os conflitos entre as tropas do nascente Império brasileiro e os indígenas não cessaram.

No alvorecer de um Brasil emancipado de Portugal, indígenas, filhos desta terra, foram combatidos como inimigos da nação a se construir.

Em 1824 os “botocudos” realizam um cerco na cidade de Vitória em um episódio emblemático de insubmissão em um contexto violento onde a própria existência desta nação indígena estava em jogo.

Reconhecemos sua altivez e bravura através de diferentes táticas e estratégias em uma saga de resistência heróica.

Fazemos aqui nossa ode a estes heróis da terra.

Sonho de Liberdade Malê

Fantasia Beija-Flor 01

Foto: JP Maia / Divulgação.

Fantasia Beija-Flor 02

Foto: JP Maia / Divulgação.

Permeava o imaginário de todos os cativos, o sonho da liberdade.

Após o grito de 1822, não compreendia-se a tal Independência com tantos ainda presos e forçados ao trabalho, sustentando sob a barbárie os alicerces do “progresso” desta terra.

A manutenção da escravidão estava nas letras miúdas deste pacto mentiroso.

A tensão dos escravizados explodia por vários cantos do Brasil. Salvador, que entre escravizados e libertos, tinha 78% da população composta por afrodescendentes, foi palco de diversas rebeliões negras sendo a mais significativa dentre estas a Revolta dos Malês.

Um protesto coletivo, um levante, uma rebelião que, embora tenha sido rapidamente controlada, estremeceu a classe senhorial em seu temor de um novo Haiti.

Este movimento pode ser compreendido a partir de uma combinação sui generis de três elementos: pertencimento étnico, condição de classe e religião.

Os malês eram negros muçulmanos de origem iorubá – nagôs, haussás, ewes e etc. – e esta identidade étnica e religiosa se articulava a condição de classe: a maior parte dos revoltosos eram escravizados.

Mesmo os revoltosos libertos, compunham o estrato mais baixo da pirâmide social. Nas reuniões de mobilização havia a leitura e a memorização de passagens do Alcorão. Partilhavam coletivamente a crença no poder protetor de amuletos.

Os filhos de Alá na Bahia ensejaram transformar radicalmente a sua realidade e embora não tenham sido vitoriosos, os malês legaram heranças históricas e culturais até hoje presentes em nosso cotidiano, mas, acima de tudo, nos ensinaram, através de sua experiência, a importância da organização coletiva para os nossos anseios de liberdade, por isso um retrato glorioso em nosso ato, aos que vieram antes e lutaram.

Vestir-nos de Malê é incorporar seus sonhos, mesmo que marginalizados em um projeto de sociedade.

Desfile

No Carnaval 2023, a Beija-Flor de Nilópolis será a quinta escola a desfilar na segunda-feira, na Sapucaí, pelo Grupo Especial. A azul e branco apresentará o enredo Brava Gente! O grito dos excluídos no bicentenário da Independência, desenvolvido pelos carnavalescos Alexandre Louzada e André Rodrigues.

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